Valor Magazine – Importância do rastreio visual na criança e controlo da progressão da miopia

Venho partilhar consigo o artigo publicado na revista Valor Magazine nº 29.

Sabia que uma em cada três crianças do ensino básico tem uma deficiência visual não detetada? Um facto alarmante que se tem vindo a exacerbar nos últimos anos.

O rastreio visual é fundamental em todas as faixas etárias. No entanto, em crianças com deficiência visual sem correção há uma grande probabilidade de estas se acomodarem ao problema, afetando drasticamente o seu desenvolvimento pessoal; isto acontece porque as crianças, não entendendo o que lhes está a acontecer, acabam por não reportar o seu problema aos pais.

O rastreio visual é um procedimento de prevenção, rápido e simples que ajuda a identificar distintos problemas de visão. Algumas alterações oculares em crianças são fáceis de detetar quando os sintomas são percetíveis. No entanto, outras condições podem não apresentar sintomas ou sinais e só se conseguem detetar através de um exame oftalmológico específico e mais aprofundado.

Uma vez que o período escolar se iniciou, é fundamental consciencializar os pais sobre a importância do rastreio visual e como podem as doenças oculares afetar o desenvolvimento e o sucesso escolar da criança.

A visão está intimamente ligada ao processo de aprendizagem e os problemas de visão podem até mesmo afetar adversamente a capacidade de a criança gostar de aprender e provocar um baixo rendimento escolar. Neste contexto, é importante que os pais adquiram o hábito de verificar regularmente a visão dos seus filhos.

Quando deve ser realizado o rastreio visual?

No recém-nascido ou ainda bebé o oftalmologista pediátrico ou pediatra realiza um exame abrangente para testar quaisquer problemas oculares prematuros ou de alto risco. Aos 2 anos de idade, de acordo com o plano nacional de saúde, é realizado um rastreio visual a pedido do pediatra. Por fim, quando a criança atinge a idade
escolar, é aconselhável que seja realizado um rastreio visual pelo menos de dois em dois anos ou sempre que haja uma mudança ou comportamentos incomuns conforme abaixo listado.


Quais os sinais a ter em atenção?

  • Semicerrar os olhos;
  • Dores de cabeça ou sensibilidade à luz (fotofobia);
  • Problemas de aprendizagem;
  • Saltar palavras durante a leitura;
  • Esfregar constantemente os olhos;
  • Embater frequentemente contra objetos;
  • Má coordenação entre a mão e olho;
  • Distância anormal para ler ou escrever (demasiado próximo ou distante);
  • Ver televisão muito próximo do ecrã.

Através de exame oftalmológico de rotina é possível identificar várias doenças oculares – refrativas ou não refrativas. A miopia é a mais alarmante!

A miopia é a principal causa de deficiência visual em crianças e, quando não tratada, pode contribuir para uma maior probabilidade de desenvolver deficiência visual permanente, incluindo degenerescência macular, descolamento de retina, catarata, glaucoma ou mesmo cegueira associada à alta miopia em adulto.

O que é miopia e quais os fatores de risco?

Na presença de miopia a criança consegue ver bem ao perto, mas tem dificuldade em ver objetos ao longe. Ainda não há uma certeza da causa exata para a miopia, mas múltiplos estudos revelam que se trata de uma patologia multifatorial em que tanto os fatores genéticos como os ambientais podem desempenha r papéis fundamentais no desenvolvimento e progressão desta patologia.

Genética – A miopia tende a surgir em famílias onde um ou ambos os pais são míopes, aumentando a probabilidade de desenvolver essa condição.

Condições ambientais – Alguns estudos apoiam a ideia de que a falta de atividades no exterior e o uso exagerado da visão ao perto podem aumentar a probabilidade de desenvolver miopia.

O que devemos esperar da prevalência de miopia?

Nos últimos anos, a miopia tem apresentado uma tendência de crescimento elevado. Vários estudos preveem que, até 2050, a prevalência de miopia e alta miopia aumente para 52% e 9,8%, respetivamente. Vários estudos revelam que a prevalência da miopia varia entre países; verifica-se então que os países que usam mais tecnologia e equipamentos digitais, tais como a China e Japão, têm uma taxa significativamente mais alta.

Como pode ser tratada e moderada a progressão da miopia na criança?

Deverá ser o oftalmologista a indicar qual o melhor tratamento para cada caso. Mas genericamente existem fundamentalmente duas formas de tratar a miopia na criança. Podemos então recorrer à utilização de lentes de correção nos óculos ou lentes de contacto.

Óculos com lentes de correção – esta solução impõe algumas limitações no exercício de atividades profissionais (estudos) e desportivas, assim como reduz ainda o campo visual e os reflexos da criança míope.

Lentes de contacto – constituem uma solução muito boa para a miopia, mas também é verdade que podem causar intolerâncias, além de requererem mais cuidados para a sua correta manipulação.

Atualmente, para ambos os tipos de tratamento há tecnologias que estão clinicamente comprovadas da sua capacidade não só de correção, como também de permitirem retardar significativamente a progressão da miopia. Não obstante, o primeiro passo a tomar deverá ser, sem dúvida, o de se adquirir o hábito de cuidar da saúde ocular das crianças, promovendo cuidados preventivos no seu dia a dia.

Que cuidados preventivos podem os pais implementar?

Há alguns cuidados que podem facilmente ser implementados pelas famílias, promovendo assim uma visão saudável.

Limitar o acesso ao uso de ecrãs

O uso exagerado dos aparelhos digitais/jogos desde tenra idade até à adolescência são prejudiciais e uma das principais causas para o aumento exponencial da miopia, pelo que o tempo (não escolar) de utilização destes aparelhos deverá ser no máximo limitado a 45 minutos por dia.

Promover atividades no exterior

Proporcionar alternativas à tecnologia é uma excelente forma de promover uma visão saudável. Brincar no exterior ajuda as crianças a desenvolverem a sua visão ao longe e a estimular a musculatura dos olhos.

Estar atento aos sinais e saúde ocular da criança

Até aos dois anos, as crianças ainda são pequenas demais para se aperceberem e comunicarem que têm um problema de visão. Por este motivo, é importante manter uma atenção redobrada e estar muito atento aos sinais acima referidos.

Conclusões

Em conclusão, a taxa de progressão de miopia deve ser controlada, e, para tal é necessário criar hábitos que promovam uma saúde ocular saudável desde tenra idade. Evitar o uso excessivo de aparelhos digitais, praticar mais atividades no exterior, ter uma boa alimentação e realizar o rastreio visual periódico desde o nascimento são ações imprescindíveis para promover uma visão saudável e procurar evitar as graves complicações que surgem em consequência da alta miopia.

Download do Artigo – http://ow.ly/sXma50LeUcb

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