Entrevista de Salgado Borges na ExLibris sobre Oftalmologia Contemporânea – Parte II

Neste post apresento a segunda parte da minha entrevista realizada em Setembro de 2014 pela revista ExLibris. Desta vez, abordo a importância da lubrificação dos olhos e também técnicas cirúrgicas da catarata. Pode ler a primeira parte aqui neste link.

De acordo com um estudo recente, a Síndrome do Olho Seco (SOS) atinge 10 a 20% da população. Esta manifesta-se por um conjunto de sinais sintomas in específicos, entre os quais a sensação de picada ou corpo estranho, o ardor e o lacrimejo excessivo, bem como a fotofobia.

Refira-se como exemplo de situações responsáveis pela SOS “a diminuição do pestanejo consequente à utilização prolongada dos monitores, a exposição aos poluentes ambientais e ao fumo do tabaco como seu efeito de destabilização do filme lacrimal; a humidificação deficiente e o aumento da evaporação das lágrimas.

Para além destes, a idade é um agente determinante – após os 60 anos, a produção de lágrimas corresponde apenas a cerca de 25% da existente no adulto jovem –,bem como o uso de alguns medicamentos e os atores hormonais, sobretudo na mulher menopáusica”.

Para prevenir os sintomas e sinais do olho seco deve ser evitada, de acordo com José Salgado Borges, “a exposição prolongada a ambientes poluídos ou hiper-aquecidos e ao ar condicionado. Por outro lado, sabendo-se que a leitura e o uso excessivo do computador são uma causa importante de secura ocular, a distância de 50 cm do ecrã, o posicionamento do monitor abaixo do olhar, o pestanejar e as pausas frequentes são medidas preventivas fundamentais para evitar uma fixação prolongada e a consequente evaporação excessiva do filme lacrimal”.

Comum ao tratamento de todas as situações de olhos secos é a administração de lágrimas artificiais. Neste sentido, uma terapêutica mais adaptada tem sido disponibilizada pela investigação, como desenvolvimento de lágrimas artificiais sem conservantes e geles fluídos.

Cirurgia da Catarata em 2014

“O cristalino é uma lente natural localizada no interior do globo ocular, imediatamente atrás da pupila”, explica o especialista. Em condições normais, “é transparente e permite a passagem dos raios luminosos e a sua focagem na retina permite obter uma imagem nítida. Quando, porém, o cristalino se opacifica, é diminuída a acuidade visual e estamos, então, na presença de uma doença oftalmológica denominada Catarata”.

Entre as principais causas desta patologia destacam-se a idade – resultando na denominada Catarata senil –, os traumatismos, os medicamentos tais como os corticóides, doenças como a Diabetes ou alterações congénitas, entre outras. José Salgado Borges adverte ainda que “os doentes míopes poderão apresentar Catarata mais precocemente”. Relativamente aos sintomas, estes variam coma opacidade do cristalino.

Frequentemente são relatados casos de visão esborratada, referindo o doente que tem a sensação de que está a ver através de nevoeiro. Nesta fase, “observa-se uma diminuição da sensibilidade ao contraste, à qual se segue uma perda progressiva da acuidade com evolução variável. Outros sintomas menos frequentes são o encandeamento, alteração da visão das cores, má visão nocturna, necessidade de mudar frequentemente de óculos ou visão dupla com apenas um olho aberto”.

O tratamento é, como refere o médico especialista, “sempre cirúrgico, não existindo atualmente qualquer tratamento médico que seja eficaz de impedir o desenvolvimento ou a cura das Cataratas. A técnica moderna mais utilizada é a Facoemulsificação que, permitindo uma rápida recuperação visual, consiste na realização de uma pequena incisão (aproximadamente dois mm). Mediante o uso de um instrumento especial que emite ultrassons, a Catarata é fragmentada e aspirada, introduzindo-se, posteriormente, uma lente intraocular sem induzir Astigmatismo ou distorção da Córnea”, refere.

Atualmente, “é possível corrigir, nesta cirurgia, Astigmatismos superiores a duas dioptrias, como recurso a lentes intraoculares adequadas. Também já se conseguem obter boas acuidades visuais ao longe, a meia distância e ao perto, recorrendo às lentes intraoculares multifocais. Como corolário do desenvolvimento destas lentes mais diferenciadas («Lentes Premium») temos hoje a possibilidade de, em casos selecionados, aplicar lentes intraoculares multifocais e que também corrigem o astigmatismo. A cirurgia da Catarata é, hoje em dia, uma operação muito segura, com uma taxa de sucesso alta e praticamente indolor”, afiança José Salgado Borges.

Em suma, nos últimos 20 anos, a cirurgia refractiva e a da Catarata têm sido alvo de “uma autêntica revolução. Com a introdução constante de novos métodos cirúrgicos e de lentes intrao-culares cada vez mais sofisticadas, esta área constitui, para mim, o campo de maior desenvolvimento no âmbito da Oftalmologia”.

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